Criação de fábrica e de 40 postos de trabalho depende do parceiro a escolher para o negócio.
Majora, fundada há 75 anos, tinha encerrado a produção em Fevereiro do ano passado.
Do Porto para o mundo. A Majora, que encerrou a produção em Fevereiro
do ano passado, foi comprada por um fundo de investimento que pretende
relançar a marca no mundo inteiro, através de uma aposta nos meios
digitais. O The Edge Group, liderado por José Pinto Basto, vai aplicar
1,6 milhões de euros neste negócio. Estão neste momento a decorrer
negociações para encontrar um parceiro, das quais depende a criação de
uma fábrica em Portugal e até 40 novos postos de trabalho.
José Luís Pinto Basto, líder do The Edge Group e dono de 100% da holding do
grupo que protagonizou a compra da Majora (a Edge Ventures), explicou
ao PÚBLICO que a estratégia passa por “colocar a marca nos meios
digitais, o que implica que a internacionalização abranja o mundo
inteiro porque passa a haver uma escala global”. A ideia é desbravar
caminho para que, uma vez garantido o reconhecimento dos produtos, seja
possível dar o salto para aquilo que sempre foram os alicerces da
empresa: os jogos de tabuleiro.
O negócio surgiu por convite do
Montepio, o banco credor da Majora que ficou com as marcas e o museu
quando a empresa encerrou a actividade, fruto de dificuldades
financeiras. O The Edge Group investiu 600 mil euros na compra daqueles
dois activos e vai aplicar mais um milhão de euros na estratégia que
desenhou. Para já, há negociações a decorrer para encontrar um parceiro.
“Queremos juntar-nos a quem sabe do negócio”, explicou Pinto Basto.
Desta
escolha está dependente a decisão de criar uma fábrica de raiz para
produzir os brinquedos e jogos. “Podemos encontrar um parceiro que já
tenha capacidade industrial”, referiu o líder do The Edge Group,
acrescentando que há uma terceira alternativa que passa por “recorrer ao
outsourcing, de preferência em Portugal”. Caso a fábrica
avance, será necessário contratar entre 20 a 30 pessoas. Só na área
criativa e administrativa, estão já garantidos “entre oito a dez novos
postos de trabalho”. Pinto Basto não descarta a possibilidade de
contratar alguns dos antigos funcionários da Majora.
A empresa,
fundada há 75 anos por José António de Oliveira, foi pioneira em
Portugal na produção de jogos, como os icónicos Sabichão ou o Jogo da
Glória. Os materiais usados no fabrico eram, sobretudo, a madeira e a
cartolina. Na década de 90, a empresa viu-se obrigada a deslocalizar
parte da produção para a China, numa altura em que grandes
multinacionais como a Mattel e a Hasbro entraram em força no mercado
português. Quando encerrou a produção na fábrica instalada no Porto e
dispensou os 30 trabalhadores que restavam em Fevereiro de 2013,
facturava cerca de 2,5 milhões de euros por ano.
A intenção do
novo accionista é atingir este volume de negócios ao final de dois anos.
Nos primeiros doze meses de actividade, Pinto Basto estima que será
possível facturar um milhão de euros. E, por isso, acredita que “o breakeven [equilíbrio
de resultados] será atingido muito rapidamente”, porque a empresa terá
agora a estrutura adequada e uma estratégia diferente.
A Edge
Ventures, detida a 100% por Pinto Basto, tem ainda sob a sua alçada a
Labrador, que comprou em Janeiro de 2012 depois de a empresa ter sido
arrastada para a insolvência, e a Nutri Ventures, um projecto de
animação que tem sido reconhecido internacionalmente. Trata-se de uma
das holdings do The Edge Group, de que também é accionista
Miguel Pais do Amaral e que tem investido sobretudo na área do
imobiliário, detendo por exemplo as galerias comerciais Twin Towers em
Lisboa, onde pretende investir 20 milhões de euros.
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