Mais de 75 anos depois de ter sido fundada por José António de
Oliveira, a Majora vai regressar às lojas no primeiro semestre de 2016
não só com os tradicionais jogos de tabuleiro, mas com um novo segmento
de negócio: jogos para smartphones. A empresa de brinquedos
encerrou a fábrica no Porto em Março de 2013 e as 13 marcas que detinha,
assim como o espólio do museu, foram adquiridas o ano passado pelo
fundo de investimento Edge Ventures, holding do The Edge Group, por 600
mil euros.
A intenção era relançar a Majora no final do
primeiro semestre do ano passado, mas um processo judicial atrasou a
passagem de propriedade das marcas (detidas pelo Montepio) para o grupo
liderado por José Luís Pinto Basto. Um antigo trabalhador da Majora
“avançou para uma penhora sobre as marcas” e enquanto o caso não foi
resolvido o The Edge Group não conseguiu avançar com a estratégia de
relançamento, para a qual tem destinado um milhão de euros. Resolvido o
impasse, foi agora possível registar as marcas em nome dos novos donos,
que têm no seu portefólio de investimentos a Labrador (vestuário
masculino) ou a Nutri Ventures (entretenimento infantil).
O regresso da Majora estará assente em colaborações com outras empresa, que vão desenhar e produzir os novos brinquedos.
Catarina Jervell, ex-directora de excelência operacional da PT
Empresas, será a presidente executiva e espera “fechar até ao final
deste ano as duas ou três primeiras parcerias”, adianta. “Mais do que
criarmos de raiz novos jogos ou reedições, queremos que a base actual
seja muito mais rica”, explica, por seu lado, José Luís Pinto Basto. “A
estratégia é desafiar parceiros com capacidade criativa e produtiva, já
estabelecidos, para que se juntem a nós. Lançamos o produto deles com a
marca Majora”, acrescenta.
Além dos jogos de tabuleiro, que são a herança da empresa de brinquedos, serão lançados no mercado jogos para smartphones.
“A Majora fez uma incursão muito tímida nos jogos digitais, mas se há
concorrência no mundo físico, no digital é muito maior. Não pode haver
entradas tímidas neste mercado”, diz José Luís Pinto Basto, antecipando
que será feito “um grande esforço de visibilidade”. Tendo em conta a
natureza destes produtos será possível colocá-los à venda “com alguma
rapidez”.
Apesar do encerramento da empresa original, os jogos
nunca saíram das prateleiras. A Majora tem um elevado stock nos seus
armazéns e, por isso, foi possível mantê-la perto dos consumidores mesmo
nos anos mais difíceis. Neste Natal continuará, por isso, a haver
produtos disponíveis, embora “em quantidades muito pequenas”, admite o
gestor.
A Majora foi pioneira em Portugal na produção de
brinquedos e, da sua fábrica no Porto, saíram os primeiros jogos
didácticos como os cubos da Carochinha, o Rapa o Tacho ou a Roda da
Sorte. O Sabichão, por exemplo, foi inventado há 53 anos. Até à década
de 1990 conseguiu produzir sob licença o Monopólio, editado pela Hasbro,
e este tipo negócio passou a representar uma fatia importante das
vendas. Personagens como o Ruca, o Noddy ou o Panda, utilizados nos
jogos sob licença, deram estímulo à Majora.
“Os licenciamentos são
fundamentais. Os contratos anteriores estão extintos mas já temos
alguns super-heróis em vista”, revela José Luís Pinto Basto, dando como
exemplo os desenhos animados Nutri Ventures.
Além de jogos, a
Majora vai continuar a produzir brinquedos, material escolar ou roupa,
sempre em parceria com terceiros e sem acordos de exclusividade. A
construção de uma fábrica só irá acontecer se se justificar.
Quanto
ao espólio da histórica empresa, o The Edge Group acredita que é digno
de "um grande museu". "Estamos à espera de uma oportunidade para o
expôr", diz Pinto Basto.
Fonte: Público
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